sábado, 21 de janeiro de 2012

Síndrome de Cisne Negro

Eu tenho inveja da Natalie Portman em 'Black Swan' que cai dura depois de encontrar a perfeição, sabia?! Essa busca incessante pela satisfação me esgota cara! O peso ideal, o cabelo impecável, a descoberta de um talento, o lindo rosto, a melhor profissão, o caminho correto, a pessoa certa... Será que a gente nunca vai deixar de ser insatisfeito e parar de desejar sempre algo que não tem?
Há uma parte injusta do nosso cérebro que nunca libera a enzima X da sensação de satisfação e aí começa um jogo interminável em busca de uma compensação que pode nunca aparecer.
É preciso reconhecer a beleza nas imperfeições e falhas próprias e alheias. Não consigo mais passar os meus dias pisando com as pontas dos pés em ovos nem guardando palavras. Por mais que eu adore a idéia que somos perfeitos um para o outro, vai haver sempre uma diferença, uma aresta, um defeito...
"O escândalo é necessário, mas ai de quem o provoque" está na bíblia e está também na minha lista das verdades mais injustas que eu já li!
Eu sei que a maioria das pessoas consegue viver com doses diárias de paliativos para a sua falta de felicidade, mascarando um quadro terminal de agonia que nunca muda porque não conseguem ser verdadeiramente completos. Eu prefiro sempre falar. Principalmente porque o meu português é correto e o meu sorriso é lindo! Ainda que morra reclamando, eu quero ser aquele que viveu sempre buscando algo maior, seja um grande amor ou a tarracha de um brinco que eu perdi em baixo da cama... E eu sempre encontro.
Minha mãe me contou que quando eu era criança (há pouquíssimos anos atrás) eu era simplesmente incapaz de aceitar passivamente as decisões dos outros. Por exemplo, quando saíamos para comprar roupas, meus irmãos sempre deixavam ela escolher até suas cuecas, ou quando muito, acabavam optando entre uma alternativa e outra, eu não. Nunca cogitei outra situação onde eu não escolhesse as minhas próprias alternativas, ou seja, eu não me contentava apenas com a decisão final, mas sempre participei da seleção de todas as possibilidades que me rodeiam. Alguns dizem que pessoas como eu acham que têm o 'rei na barriga' e por isso são muito mimadas. Eu até concordo que adoro certos mimos e regalias, mas sempre fiz por merecer a coroa que trago na cabeça!
Não sei muito bem do que se trata esse texto, mas parece que a música já acabou e eu insisto em continuar dançando. Rodopiando sem parar, chorando e sem sair do lugar, esperando pra ver onde é que eu vou parar; para então decidir se vou querer mesmo recomeçar.
Antes eu acreditava em tudo. Em Deus, nas pessoas e nas mudanças. Depois passei a acreditar só no que era ruim pra ver se dava sorte... Mas agora nem sei mais. Nada mais me dá azar nem prazer... Se um gato preto cruzar o caminho o azar será dele e não meu. E se um gato seja preto, branco, loiro ou ruivo me olha, eu também não sinto nada... Preciso fazer alguma coisa, porque parado aqui, estático e imóvel é possível que eu acabe mesmo virando um iceberg.
Um conflito paranóico de identidade com um surto absoluto de promíscuidade e confusão das idéias através da ingestão de absinto e diversão em grande quantidade é tudo que eu preciso para voltar a enxergar as coisas com clareza e algum sentido.

2 comentários:

Briccio disse...

Rafa,
Continuo achando que você se arma muito para se defender do amor.
Um passo você já deu, consegue compreender imperfeições e aceitar falhas... o outro necessário seria viver o momento de conquista, admirar e usufruir o tal "amor" antes de achar que já perdeu a graça.
Procure sempre o melhor, mas na sua profissão, nos seus perfumes, nas suas roupas... aceite que alguém possa te amar e ame também,vá descobrindo e transformando, não vire um iceberg.
O filme é ótimo, igualmente o seu texto.

Eder

A VIDA É UM ETERNO APRENDIZADO disse...

Olá!
Foi um grande prazer conhecer seu blog.Aproveito meu tempo para navegar e ler textos e poemas feitos por pessoas que gostam de escrever.
Que bom que você é uma delas.
Grande abraço
se cuida