segunda-feira, 17 de maio de 2010

A Dama e os Vagabundos

Não pretendo ter que tomar grandes decisões hoje, nem esperar por deliberações alheias. Quero me divertir observando os cachorros brincando com as crianças e interagirem na praça perto de casa. Acho curioso eles se conhecerem pelo cheiro; se abordando entre estranhos e fazendo amizades.
...
Vá correndo em direção aquele garoto de costas, sentado olhando os cachorros na praça e surpreenda-o cheirando o seu pescoço e cabelos. Me abraçando pela cintura e beijando a parte nua da pele das minhas costas, cruzando os braços na minha barriga, me puxando pra perto e me pegando pra você!
Sua língua percorre todo caminho possível entre as minhas costas até a minha orelha, onde você me consquista dizendo qualquer coisa.
Bem ali, diante das crianças que brincam no gira-gira o mundo também girou pra mim e me fez lembrar como é bom ser abraçado assim, de surpresa, pela cintura.
Algo no seu beijo me arrepia todos os pelos de uma vez em um efeito dominó que domina meu corpo me fazendo fechar os olhos e sorrir pra dentro, porque eu sei que foi algo no meu cheiro que atraiu você até aqui.

O ruído da sua respiração bem pertinho me deixa encabulado, de olhos abertos e gracioso; me entregando de boa vontade e esquecendo o seu atraso de alguns anos. Valeu a pena rosnar para todos que chegaram antes e só deixaram as dúvidas e as pulgas.

Suas mãos sabem exatamente a quantidade de segundos que o meu sangue leva para se agitar à medida que você dedilha a minha pele roçando a sua barba no meu rosto e me dizendo bem baixinho que adoraria beijar minhas pernas. Eu me contorço de vontade de me exibir pra você, como se estivesse no cio. Quando estiver prestes a emitir algum ruído não contido de vontade de ser seu, coloque um dedo na minha boca, bem devagar, para eu me distrair e fantasiar um pouquinho...
Vou beijar seus braços me sentindo devidamente protegido enquanto você acaricia o meu rosto sorridente e sem vergonha.

Ao abrir os olhos percebo que todos os outros cachorros me olham assustados! Eles levantam as orelhinhas e entortam a cabecinha curiosos: "O que será que se passa na cabeça daquele cara, sentado, sozinho sorrindo para nós com jeito de bobo"?
O gira-gira está parado, a praça já está quase vazia e as crianças estão voltando para suas casas... O arrepio que eu senti era de frio! Vai ver o meu cheiro não é bom nem marcante o suficiente para te manter aqui por muito mais tempo do que o tempo de um sonho.

Um comentário:

Unknown disse...

Hahaha ... muito lindo, a sua escrita é viciante, impressionante como você torna o prosaico em algo tão terno e aconchegante, parabéns!