quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Bad Romance

Durante muito tempo útil da minha vida achei que buscava por um romance. A idéia fixa de viver uma longa e batida história de amor repleta de beijos na chuva, demonstrações públicas de afeto e reviravoltas emocionantes beirando o tão sonhado final feliz tiraram o meu foco da realidade.
Muito recentemente, já com um número considerável de responsabilidades nas costas e bem menos preocupado com o alinhamento perfeito do meu topete com o meu umbigo, resolvi experimentar outros caminhos para felicidade.
Alternativas inteligentes e maneiras menos dramáticas de viver algo mais sensato e real. Mais ou menos como colar numa prova muito difícil de física, onde todos aprendem através da exaustão repetitiva de exercícios sacrificantes, eu percebi que as fórmulas podem ser criticadas e reinventadas.

Não há romance que dure para sempre e não há ser humano que agüente manter intacto o cristal do amor épico baseado em fatos irreais e alimentado por filmes, novelas, poesias e músicas que consumimos diariamente. O amor vem da convivência, da admiração e do tesão; E esses três elementos podem aparecer, sem o fator ‘amor’ também, e nem por isso devem ser ignorados. Pelo contrário, viver tudo na medida certa é a chave para se concentrar na busca pelo que realmente importa; Algo que não está necessariamente ligado ao que quase todo mundo quer.
Carência não é romântico, é desesperador. Usar um anel no dedo só para disfarçar a mentira que eu já esqueci a mágoa de alguém que já passou não faz sentido!
Tom Jobim disse que “É impossível ser feliz sozinho” – E eu digo que é possível se divertir tanto, que a felicidade se torna algo mais tangível, conquistado um pouco por dia. Um pouco por sorriso. E não é mais o resultado final de uma longa caminhada de sofrimento.
A experiência deveria nos tornar sábios e seguros; e não calejados e receosos. É impossível ser quem somos hoje, sem ter sido aquilo que fomos aos 17 anos, onde cometemos os erros mais gostosos de todos. Afinal de contas, se o meu primeiro namorado, soubesse tudo que eu aprendi sobre relacionamentos e sexo oral, ele voltava rapidinho...
O verdadeiro romance não está em ganhar presentes em datas comemorativas, ou tentativas frustradas de agradar alguém fazendo coisas que você não faria jamais, nem ir a lugares que você não sente vontade.
Não sou... Não somos obrigados a aturar nenhum tipo de incômodo causado pela personalidade da outra pessoa. Não concordo que os opostos se atraem e acho que toda beleza acaba mais cedo ou mais tarde.
Aliás, sem hipocrisia, a beleza me atrai sim, mas eu ainda tenho uma forte queda pelo Aurélio. E aprecio a inteligência de quem sabe admirar o que é verdadeiramente bonito.
A descoberta de lugares novos, as afinidades e tudo e aquilo que se sente assim que a pessoa vai embora é o verdadeiro romance. O clima saudável de reciprocidade equivalente de carinho, atenção e admiração é o que nos deixa sensíveis, vulneráveis e apaixonáveis.

A sinceridade é romântica! Rir e sorrir para e de alguém, deixa estampado no rosto o quanto você quer estar ali, mais do que qualquer outro lugar. Não há mais lugar para falsidade no meu coração! Não quero mais fingir nada, só vou estar onde eu realmente quero ir, e será em qualquer lugar acompanhado daquele que eu escolher para estar ao meu lado. Não vou disfarçar a minha irritação nem ficar obcecado com o meu peso e nem com o peso da minha consciência porque o meu amor é livre dos mandamentos românticos da alegria provisória.
Quero comer pizza com a mão, fazer sexo selvagem e ser admirado como uma obra de arte.
Não espero encontrar somente em um homem toda a minha felicidade. Se ele aparecer, será apenas uma parcela de tudo que me faz feliz, em meio a tantos sonhos e coisas que eu preciso fazer com a minha vida! O que eu quero pra mim, agora, é imensurável...

Não consigo ver sentido em compartilhar com o outro tudo que você tem. Acredito sim, numa etapa mais madura, onde as pessoas vivem momentos divididos entre si por livre e espontânea vontade e não pela obrigatoriedade do compromisso.
Não existe um guarda-chuva sequer, por maior que seja, capaz de proteger um casal sem que um deles acabe se molhando um pouco! Guarda-chuvas foram feitos para uma pessoa só, e hoje eu considero muito mais romântico quando alguém diz: “Fique você com ele, eu não ligo de me molhar”, demonstrando o verdadeiro cuidado comigo e não aquela hipocrisia egoísta de andar juntinho, cada um puxando cada vez mais a proteção para o seu lado deixando respingar no outro a covardia e o medo que as pessoas têm de simplesmente caminhar sozinhas.
O guarda-chuva é meu; eu abro se eu quiser, e quando eu me sentir a vontade eu me abro também! Nesse momento nem vou mais precisar de proteção, deixo com você; permitindo-me molhar, dos pés à cabeça, com independência e auto estima.

4 comentários:

Patricia disse...

Love song - Sara Bareilles - THE SOUNDTRACK FOR YOUR TEXT

Head under water
And they tell me to breathe easy for a while
The breathing gets harder, even I know that
Made room for me but it's too soon to see
If I'm happy in your hands

I'm unusually hard to hold on to
Blank stares at blank pages
No easy way to say this
You mean well, but you make this hard on me
I'm not gonna write you a love song
'cause you asked for it
'cause you need one, you see

I'm not gonna write you a love song
'cause you tell me it's
Make or break in this
If you're on your way
I'm not gonna write you to stay
If all you have is leaving I'm gonna need a better
Reason to write you a love song today

I learned the hard way
That they all say things you want to hear
And my heavy heart sinks deep down under you and
Your twisted words,
Your help just hurts
You are not what I thought you were
Hello to high and dry
Convinced me to please you
Made me think that I need this too
I'm trying to let you hear me as I am

I'm not gonna write you a love song
'cause you asked for it
'cause you need one, you see
I'm not gonna write you a love song
'cause you tell me it's
Make or break in this
If you're on your way
I'm not gonna write you to stay
If all you have is leaving I'm gonna need a better
Reason to write you a love song today

Promise me that you'll leave the light on
To help me see with daylight, my guide, gone
'cause I believe there's a way you can love me
Because I say
I won't write you a love song
'cause you asked for it
'cause you need one, you see

I'm not gonna write you a love song
'cause you tell me it's make or break in this
Is that why you wanted a love song
'cause you asked for it
'cause you need one, you see
I'm not gonna write you a love song
'cause you tell me it's make or break in this
If you're on your way
I'm not gonna write you to stay
If your heart is nowhere in it
I don't want it for a minute
Babe, I'll walk the seven seas when I believe that
There's a reason to
Write you a love song today

Júlia Meirelles disse...

Concordo plenamente com o seu post e reintero: só conseguimos ser felizes ao lado de alguém se pudermos continuar comendo pizza com a mão e fazendo sexo selvagem, ou seja, sendo nós mesmos.
Acredito que essa é a equação perfeita e, acredite, você está indo pelo caminho certo.
Te amo muito!
Um beijo!

Flávio Trevezani... disse...

Intenso, curto e grosso, verdadeiro e duro, carregado de dor e decepção, mas de uma veracidade e superação que chega parecer surrael... tal como a vida...
Muito bom o texto... Muito bom!

Unknown disse...

Achei de uma intensidade sufocante ... ao mesmo tempo de uma sinceridade que é impossível de se negar. Como diria Nietzsche "nada do que é humano, me é estranho" ... espero que você encontre uma pessoa que compartilhe dessas verdades sem medo de julgamentos. Abraço!

Danilo